Author Archive

Tempo-Pparalelo apresenta trabalhos dentro e fora do MAC Campinas

O MAC Campinas encerra o ano de 2011 com a exposição Tempo-Pparalelo do grupo Pparalelo de Arte Contemporânea. Resultado do Edital lançado para o segundo semestre, esse projeto tem a curadoria de Ruy Sardinha, filósofo, historiador da arte e professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos. A seleção de trabalhos apresenta peças recentes do grupo reunidos, pela primeira vez, nessa mostra que condensa estratégias criativas do grupo dentre itinerâncias, viagens, e experimentações da busca por novos diálogos e lugares para a produção contemporânea.

O espaço interno do MACC foi inteiramente ocupado, bem como uma parte externa ao Museu.  Seguindo sua vocação para intervenções em espaço aberto e urbano o Pparalelo propõe a construção de um monumento temporário a ser instalado do lado de fora do Museu. Composto por cinco faces revestidas com imagens de trabalhos dos artistas do grupo, esse monumento antecede o próximo projeto de intervenções programado para o próximo ano. Os artistas apresentam também trabalhos de sua produção individual.

A diversidade das linguagens contemporâneas constrói o contexto dessa exposição que busca estabelecer, por meio de transbordamentos, espaços contíguos de apresentação para o trabalho artístico contemporâneo entre o individuo e o grupo em suas incursões por novos espaços e formatos de exposição.

Tempo- Pparalelo: as quietudes e inquietudes de um tempo presente
Ruy Sardinha Lopes
Filósofo, Professor e pesquisador de Estética e Arte Contemporânea
Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP – São Carlos

Aquilo que passa, transpassa, perpassa, nos devassa. Aquilo que toca, fere, interfere.

Aquilo que dura, resiste, insiste. Aquilo que vai, esvai, não se tem, nos contém. Aquele que usurpa, cuja fome nos consome. Aquele cujo vaticínio de seu filho nos fez homens. Divindade essencial, “compositor de destinos”, “tempo tempo tempo tempo”.

Há muito que se tem dito que vivemos a compressão espaço-tempo, que o fluxo incessante das informações que nos atravessa e constitui roubou-nos a capacidade de experienciar o tempo pleno, capaz de significar nossa existência. Talvez por isso, cegos pelo embotamento de uma metrópole tornada cada vez mais espetáculo midiático, insistimos em repetir: “não tenho tempo”. Na impossibilidade de detê-lo, Kronos parece, mais uma vez, e sempre, devorar-nos em sua insaciabilidade homogênea e vazia.

Na ânsia de sermos, nos perdemos do que nos afeta, do que nos completa, do que nos integra. Ao voltarmos nossos sentidos para o futuro, nos atamos irrefletidamente no presente, ao muro dos murmúrios, às grades das cidades.

A presente exposição do Grupo Pparalelo sugere que nos “demos um tempo”; que por meio dele nos tornemos senhores de nossos destinos. Ao parar o fluxo produtivo  do fazer artístico para revisitar e rememorar sua própria obra os integrantes parecem se perguntar não sobre o que foi, mas o que poderia ter sido e enquanto tal lá permanece, aquiescido e aquietado, inquietando a nós todos.

O transbordamento, sempre presente nas intervenções desse grupo, entre o espaço artístico e o citadino, relido sob  essa perspectiva, parece querer justapor ao tempo patológico da contemporaneidade sua outra dimensão, também presente na mitologia grega, Aion, vitalidade e princípio criativo. Sopro de vida que, no instante de sua supressão, se converte em gesto artístico extremo confrontando a efemeridade da vida e a perenidade da arte.

As reminiscências, rastros e restos que aos poucos transformam o transeunte atento num arqueólogo em busca de suas madelaines e o faz transitar entre o que se expõe e o que se desvela  exigem um assenhorear-se do espaço urbano, sua conversão em lugar de contemplação.

O Calendário por eles proposto, e aqui reposto sob os cuidados de Aion, se distancia da imputação ou reconhecimento de regularidades naturais ou sociais para revelar o tempo que nos habita, os ritmos que nos escuta, as interrupções que nos avança. Seu tempo não é o do frenesi ou  êxtase mas o ralenti necessário à escuta atenta do que se faz ouvir baixinho, a conformação de um tempo de reflexão.

Reflexão, aliás, presente logo à entrada da exposição. Se o monumento é o que, eternizando o passado, quer se fazer sempre presente, os aqui expostos assumem o caráter demiúrgico do tempo que se fazendo arte nos convida a atravessarmos as margens  que conformam o espaço entre a arte e a vida, travessia necessária e sem a qual, lembra-nos o poeta português, teremos ficado à margem de nós mesmos.

Calendário em Pparalelo
O Projeto Calendário nasce ao mesmo tempo em que a tensão entre o dentro e o fora começa a tomar espaço nos encontros dos artistas do grupo Pparalelo. Uma sala de vitrine, membrana transparente entre a rua e as discussões sobre arte pública, intervenções artísticas, os domínios público e subjetivo, a criação e a expectação, são os elementos que nos conduzem ao projeto: criar uma seqüência de imagens que ocupem o espaço total da vitrine de tal forma que se estabeleça um diálogo com o olhar do transeunte urbano.
Assim entendemos esse olhar como aquele possível de ser identificado como um sujeito-quase-espectador: seu tempo é escasso, está conectado ao fluxo da cidade, ele tem pressa, mas também deixa claro, sempre que possível o desejo em despender seu tempo de outros modos, quem sabe até, os artísticos. Esse foi o interlocutor eleito e em boa parte conquistado para o Projeto Calendário quando de sua apresentação original na sala de vitrine do ateliê da Rua Antonio Lapa, ao longo do ano de 2009. Depois disso, seu conjunto itinerou para outros espaços culturais, outras cidades e pressas, a busca de novos expectadores e modos de compreensão de suas imagens.
Essa sala os apresenta reunidos novamente, a partir das imagens produzidas por cada integrante do Pparalelo. Em boa medida, revisam os interesses de pesquisa de seus artistas, reverberados nas demais salas do Museu. Como folhas nas quais anotamos nossas idéias, cada imagem proporciona a mudança de tempo empregada na construção desse ano de trabalho do grupo.

Ficha Técnica do Projeto:

Tempo-Pparalelo foi um projeto selecionado pelo Edital de Exposições do MAC Campinas – 2011
Concepção: Pparalelo de Arte Contemporânea
Curadoria: Ruy Sardinha Lopes
Apoio Cultural: Vertz Iluminação
Fotografias da Abertura: Magda Amorim
Local: Museu de Arte Contemporânea de Campinas – MACC
Rua Benjamin Constant, 1633 Centro Campinas SP
Visitação: 17.12.11 a  15.01.12. ter a sex das 9h00 as 17h00. sab das 9h00 as 16h00. dom e feriados das 9h00 as 13h00

 

[slideshow]

Monitoria Espontânea em Ribeirão Preto

Pparalelo de Arte Contemporânea intervém em Ribeirão Preto com nova edição do projeto artístico Monitoria Espontânea.
Do dia 13 ao dia 16 de setembro de 2011, o Grupo Pparalelo de Arte Contemporanea de Campinas realizou em Ribeirão Preto mais uma nova edição do Projeto Monitoria Espontânea. A proposta, iniciada no ano de 2010 na cidade de São José dos Campos, efetiva-se agora em outra cidade potencial para a discussão e fomento da práxis contemporânea.

A intervenção artística Monitoria Espontânea conjuga da atual demanda de público por maior acesso às formulações conceituais da Arte Contemporânea, em bom termo, igualmente defendidas pelo trabalho das  Oficinas Culturais do Interior do Estado de São Paulo. Combinando aspectos estéticos e éticos, o projeto tem como seu principal objetivo ampliar o conhecimento da Arte Contemporânea por meio de ações artísticas que possam conjugar o espaço urbano, aberto, desavisado, espontâneo e o espaço institucional que guarda os trabalhos de arte em nossa sociedade.

Em 2010, a primeira edição do projeto materializou-se na Praça Afonso Pena, região central de São José dos Campos atraindo uma grande quantidade de pessoas para o projeto. De estudantes a vendedores ambulantes, de profissionais liberais a funcionários públicos que utilizam a praça, o projeto propôs novos traçados ao público usuário local por meio do convite dos artistas da intervenção para que se aproximassem dos cubos brancos que traziam em seu interior, a reconstrução de dois projetos contemporâneos caros à História da Arte: Uma e três cadeiras de Joseph Kosuth, (1969) e Parangolés de Hélio Oiticica, (1969).

Posicionados ao redor dos cubos os artistas dos dois grupos trocaram idéias sobre arte com a população e distribuíram, nesse contato, um panfleto que traz detalhes dos trabalhos. A aceitação do projeto pela população e imprensa especializada tanto quanto local, garantiu ótima qualidade de visibilidade para o projeto.

Em sua nova edição na Praça XV de Novembro, região central da cidade de Ribeirão Preto foi construído apenas um cubo branco nas dimensões de 75 X 1,60 X 2m. Aberto numa das faces, o cubo apresentou ao longo do período duas instalações: A Cadeira de Banha (1963) de Joseph Beuys e Roda dos Prazeres de Ligia Pape (1967).

Durante quatro dias os dois grupos, Pparalelo e Latitude 22 alternaram-se na apresentação dessas instalações e distribuíram panfletos indicativos do projeto. Os dois primeiros dias foram utilzados para o projeto do Pparalelo (Beuys) e os dois últimos para o Grupo Latitude (Pape).  De caráter efêmero, a intervenção trabalha com a conjunção de pessoas e instituições locais buscando valorizar o contato com o público e instituições locais. Na quarta-feira, dia 14, os integrantes dos dois grupos se encontraram para uma Conversa Aberta sobre Arte, Público e Cenários Locais para o Trabalho Contemporâneo, no Auditório da Oficina Cultural Candido Portinari, situado à rua (Rua Visconde de Inhaúma, 490 – 1º andar – Centro – Edifício Padre Euclides – Ribeirão Preto / SP)

Após o término da intervenção, o cubo foi desmontado e doado para Núcleo de Solidariedade Dom Helder Câmara, projeto social para moradores de Rua da Cidade de Ribeirão Preto, de modo que possam reutilizar o material em suas oficinas ou demais propostas adequadas.

[slideshow]

Ficha Técnica do Projeto

Criação: Pparalelo de Arte Contemporanea

Convidado Especial dessa edição do projeto: Grupo Latitude 22 – Eny Aliperti, Ana Nehemy, Celia Aloi, Leda Braga, Vera Barbieri, Adriana Amaral, Rejanne Tannouse, Gustavo Marcelo Daré, Marcelo Maimoni, Heloisa Junqueira, Yolanda Cipriano, Weimar Marchesi e Sergio Nunes.

Apoio: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

Execusão: Organização Social de Cutura: POIESIS, Oficina Cultural Candido Portinari/Ribeirão Preto

Coordenação: Fatu Antunes

Realização: Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Cultura

Exposição Confluências – Sylvia Furegatti

Sylvia Furegatti apresenta a Série Contentores de Paisagem como parte do Projeto Confluências no AT|AL|609.

 

O Projeto Confluências do Pparalelo de Arte Contemporânea apresenta a produção individual da artista Sylvia Furegatti e tem como artista convidada para a Sala de Entrada, Adalgisa Campos. A paisagem reaparece como estrutura e foco temático dos trabalhos expostos.

A série “Contentores de Paisagem” de Sylvia apresenta fotografias, objetos, instalação e intervenções artísticas na qual a artista investiga recortes e limites da paisagem. As intervenções urbanas iniciam todo o processo de trabalho da artista que sai à busca de trechos da paisagem próxima às rodovias para inscrever passagens efêmeras por esses locais eleitos. Constrói ou apropria-se de objetos ligados à urbanidade (artificiais) que são depositados no entorno de rochas que usualmente pontuam a paisagem (natural). Nos diferentes trabalhos, as linguagens mostram-se interligadas e buscam, literalmente, a fusão de novas linhas do horizonte em seus aspectos formais, contextuais e de instalação no espaço do ateliê AT|AL|609, no qual o vazamento do interior para o exterior se efetiva.

A   contenção da paisagem é evidenciada e questionada pelos materiais escolhidos pela artista para os projetos. Estruturas feitas com cacos de vidro pontiagudos presos a uma barra de cimento branco, como as usadas em muros residenciais da periferia urbana determinam o relevo da paisagem. Toneladas de cacos de vidro verde acumulam-se construindo outras paisagens.

O vidro, estilhaçado, acumulado, contido, é assim matéria recorrente. Contido, em caixas de vidro, apoiados em placas ou na vitrine da sala principal, apodera-se da transparência desses continentes e transbordam para o exterior do espaço expositivo.

 

Conjunto Discreto

Adalgisa Campos apresenta um painel e uma série de desenhos elaborados ao vivo, no inicio da abertura do evento. Dessa forma, convida o público para seu encontro.

Para essa exposição escolhe o projeto “Conjunto Discreto”. Em matemática, um conjunto é considerado discreto se todos os seus pontos forem isolados. Os Conjuntos discretos articulam práticas heterogêneas que, descontínuas, alimentam-se reciprocamente.

O Conjunto Discreto proposto por Adalgisa Campos para o espaço Pparalelo compõe-se de Figuras e Medições, construídas ao longo de um Rito. Iniciadas em 1999, as Medições derivam da coleção formada por ela, de medidas de pedaços de chão de variados lugares. Espaços que em algum momento a artista conheceu ou ocupou são notados de diversos modos, desenhados a lápis ou digitalmente, medidos ou decalcados, constituindo um banco de dados que se desdobra em diferentes produções. As Figuras vêm sendo realizadas desde 2006 e buscam refletir sobre relações entre partes, estabelecendo paralelos gráficos com funcionamentos e mecanismos. Os Ritos, produzidos desde 2010, são ações que envolvem a produção de imagens em público.

 

Sala de Vitrine: Sylvia Furegatti – Contentores de Paisagem. 2011
Sala de Entrada: Adalgisa Campos – Conjunto Discreto. 2011

Abertura: 19/08/2011, às 20h
Visitação: 21/08/2011 a 23/09/2011
Horários: terças a sextas das 14h -18h
Local:AT|AL|609. Lugar de investigações artísticas
Rua Antônio Lapa, 609 Cambuí, Campinas, São Paulo, CEP 13025-241
fone: 19.3255-7689

[slideshow]