Projeto Escaparate

Debate + Exposição

Pparalelo de Arte Contemporânea lança novo espaço de vitrine para o circuito artístico de Campinas.

O próximo projeto do Grupo Pparalelo de Arte Contemporânea será no dia 29 de novembro com o lançamento de um novo espaço de exposição seguido de debate.

Partindo das ações que realizou nesse último ano o Pparalelo passou a refletir sobre a validade das camisetas como elementos de sinalização e legibilidade para o trabalho artístico contemporâneo. É muito comum que artistas, coletivos, grupos em ação no meio urbano busquem identificar-se dos demais participantes e transeuntes vestindo camisetas que os apresentam como integrantes de uma idéia artística em processo. Além disso, também é bastante comum o uso das camisetas como suportes para proposições artísticas.

Artistas e amigos dos integrantes do Pparalelo, em seus diferentes afazeres cotidianos e cidades espalhados pelo mundo, foram convidados a vestirem as camisetas de projetos anteriores produzidas pelo grupo fora do seu contexto habitual. Essas imagens e as próprias camisetas serão expostas na sala-vitrine que o grupo inaugura e leva o nome de ATQG e poderão ser experimentadas pelo público visitante.

Objeto culturalmente identificado como jovem e despretensioso, a camiseta é uma espécie de segunda pele para quem a porta. Seu uso cotidiano ganha conotações de exibição e por isso mesmo amplia sua configuração como objeto e suporte para projetos artísticos contemporâneos. A História da Arte está cheia dessas passagens. Algumas delas, mais à mão, nos lembram da ação da Regina Silveira nos corredores de uma escola de Arte de São Paulo, meados da década de 1970, vestindo uma camiseta na qual exibia a pergunta: “Eu sei desenhar, e você?” impressa com letras manuscritas para reagir ao questionamento daquele público local ao uso imagens fotográficas em projetos artísticos introduzidos por ela de modo inovador nos seus cursos.

A artista norte-americana Jenny Holzer explora em suas intervenções urbanas materiais de comunicação imediata como luminosos, letreiros de salas de cinema, placas informativas de todo tipo, faz uso da camiseta como suporte de sua famosa série: “Truisms” (1977-84). Nelas imprime observações sobre poder e identidade criando frases como: “Abuse of Power Comes as No Surprise” e “Raise Boys and Girls the Same Way”.

O tema é tão atual como provocativo entre artistas, galeristas, instituições, interessados e teve pelo menos dois momentos de destaque na cena midiática mais recente: o primeiro deles envolveu a Exposição Erótica apresentada no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro (2006) quando o trabalho “Desenhando com terços” da artista Marcia X foi censurado da mostra tornando-se replicado, quase que imediatamente, na forma de camisetas que expunham as opiniões de liberdade de expressão em passeatas e discussões nos veículos especializados da Arte. O segundo momento importante, bastante recente, aconteceu na atual edição da Bienal Internacional de São Paulo depois que o artista Mauricio Ianês vestiu uma camiseta que lhe foi doada durante sua performance The Kindness of [A gentileza de]. A crítica e curadora Paula Alzugaray acaba de publicar um artigo na Revista Isto É! (disponibilizado no circuito artístico pelo portal Canal Contemporâneo) no qual explora a relação da camiseta-arte citando a atual movimentação desse objeto entre arte e identidade presente na constituição de trabalhos de artistas como André Komatsu, Leandro da Costa, Keila Avelar, dentre outros.

Contudo, das muitas abordagens possíveis para o tema, o Pparalelo interessa-se pela discussão do contexto algo legendado que a camiseta assume quando usada em ações artísticas extramuros.

A discussão já foi trabalhada em outras linguagens contemporâneas como, por exemplo, no uso das túnicas para a performance, mas toma agora novo fôlego diante das múltiplas formas da arte em meio urbano e seu diálogo com o fluxo cotidiano. A simbiose praticada por essas ações diretas na paisagem, em sua simbologia, modos comunicativos e público geral acaba, por vezes, congestionando a visibilidade e comunicabilidade do projeto. Nesse sentido, parece importante discutir como a camiseta colabora para a construção desses projetos artísticos.

O crítico de arte e curador Guy Amado, que atuou na última edição do projeto Rumos Visuais do Instituto Cultural Itaú de São Paulo, vem a Campinas para promover o debate pelo viés artístico. Junto dele, a antropóloga urbana e professora universitária Kenia Kemp, autora do livro: Corpo Modificado, Corpo Livre (Ed. Paulus, 2005) de Campinas, colabora com o aspecto antropológico para a conversa que será aberta ao público interessado.

O lançamento do ATQG toma emprestada uma sala do Ateliê da artista Dorothea Freire que integra o grupo. Nesse espaço de vitrine o grupo apresenta a exposição Escaparate e promove o debate, mantendo a orientação pretendida de troca e diálogo constantes entre artistas da região e outros centros urbanos. De quebra, renova a paisagem local com um novo espaço de arte que pode ser visto da rua, durante o trajeto cotidiano das pessoas. O projeto todo se inicia às 14hs e as inscrições para a participação no debate devem ser feitas pelo endereço eletrônico: contato@pparalelo.art.br até o dia 28.11.

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Aritstas Participantes:

Artur Barrio
Patricia Canetti
Daniela Bousso
Monica Nador
Grupo JAMAC
Kick Homeijer
Reiner van Ewijk
Silvia Salussóglia
Laurence Lamers
Franco Angeloni
Laurence Bosmans e Phillipe
Nino Cais
Tania Rivitti
Marcelo Terça-Nada!
Lula – Luiz Carvalho Jr.
James Kudo
Maria Herminia Oliveira Hernandes
Dorothea Freire
Luiz Orlandi
Cecília Stelini
Sylvia Furegatti
Hebert Gouvea
Lucia Fonseca
Adriana da Conceição
Beatriz Rinaldi
Adalgisa Campos
Nilton Campos